Os Surpreendentes X Men - A Melhor HQ Mensal da Atualidade
Em um mundo em que o medo diante da ameaça mutante é crescente, caberá a uma equipe de super-heróis reformulada ser o fator de equilíbrio que falta.
Ciclope, Emma Frost, Fera, Kitty Pryde e Wolverine são os Surpreendentes X-Men.
Positivo/Negativo: Joss Whedon é um cara legal. Ele criou duas das séries televisivas mais bacanas da última década: Buffy, a Caça-Vampiros e o spin-off desta, Angel. Em ambas, monstros, demônios e toda a sorte de seres bestiais nada fotogênicos dão as caras. Depois desse aprendizado para lá de bizarro, é com enorme propriedade que o escritor assumiu o novo título dos mais famosos párias dos quadrinhos norte-americanos: os X-Men.
Whedon começou em Astonishing X-Men (por aqui Surpreendentes X-Men) poucos meses após o fim da passagem de Grant Morrison por New X-Men. Esta foi a maneira de a Marvel ofuscar - ao menos por um tempo - a saída do escocês e seu contrato de exclusividade com a concorrente DC Comics.
Avesso a comparações, mas entusiasta de boas piadas e diversas referências a respeito da fase Morrison, Whedon constrói uma das melhores histórias e, com certeza, a mais despretensiosa em mais de 20 anos de sagas mutantes.
O roteirista fez algo similar a uma ação proposta no Manifesto Morrison, que era contar uma história em que o leitor novato não precisasse de conhecimento prévio para acompanhá-la e que tivesse, a longo prazo, elementos capazes de instigar os velhos leitores desiludidos a voltar.
Parafraseando Grant Morrison, os fãs que compram as revistas dos X-Men independentemente da qualidade do material apresentado continuarão adquirindo-as de qualquer jeito. Então, o foco deve, ou deveria ser, o novo leitor.
Joss Whedon entendeu isto de maneira inequívoca e construiu um roteiro que leva em conta tanto aquele garoto que comprou o gibi porque gostou do filme dos X-Men, quanto aquele nerd que tem uma tatuagem do Wolverine no cóccix.
Depois de vários anos batalhando quase que exclusivamente contra o preconceito do mundo para com a sua raça, Ciclope resolve que é hora de os X-Men voltarem a lutar pelas pessoas. Seja espancando um bando de assaltantes numa festa ou devolvendo um monstro destruidor às profundezas da Terra.
O que poderia soar como um retrocesso é o que faz a trama funcionar tão bem. A fase das roupas de couro e da cruzada contra as organizações anti-mutantes foi ótima, mas a volta ao bom e velho heroísmo abarrotado de clichês é igualmente excelente.
Alguns destaques: 1) Wolverine briga com Ciclope para mais tarde se pegar com o Fera. Enquanto a primeira luta é motivada pela sempre presente (ainda que morta) Jean Grey, a segunda tem causa no medo de McCoy em se tornar um homem preso no corpo de um animal. 2) Kitty Pryde batendo de frente com Emma Frost e recordando alguns dos antológicos confrontos com o Clube do Inferno e também alguns de seus grandes momentos na Mansão X. 3) E, é claro, o arremesso especial.
Tudo isto é um prazer saudosista para os fãs antigos, mas tem um frescor que não afasta aqueles que desconhecem o passado da equipe.
Entre tantos bons momentos, com certeza o mais impactante é o que mostra o encontro entre Kitty e Colossus. A arte de John Cassaday para estas sete últimas páginas de Surpreendentes X-Men # 4 é soberba em tudo o que mostra e, principalmente, naquilo que fica implícito.
Há outras cenas visualmente memoráveis. O já citado arremesso especial, a batalha no jardim da mansão, a sala de perigo dantesca das páginas 206 e 207, toda a seqüência envolvendo o Sentinela selvagem em Genosha e mais um punhado que, se descritas, estragariam quaisquer surpresas que já não tenham sido estragadas por esta resenha.
Os rostos familiares dos X-Men desenhados por Cassaday podem causar estranheza no início, mas basta uma dúzia de páginas para o leitor senti-los como membros da família. E basta se deixar levar pelo artista, para que suas ilustrações se tornem ainda mais ricas e prazerosas de serem analisadas. Há sempre um detalhe qualquer, alguns traços a mais que fazem com que se permaneça por um longo tempo admirando a mesma página.
O mesmo pode ser dito de suas capas. A concepção e a diagramação da maioria é de encher os olhos.
Marcadores: HQ
0 comentários:
Postar um comentário